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Lixo nos cursos de água

Os cursos de água (rios, ribeiros, etc.) são os maiores veículos de resíduos sólidos terrestres para mares e oceanos

O Lixo Marinho através da Diretiva Quadro da Estratégia Marinha e de diversas iniciativas internacionais (Rio + 20; G7) tem vindo a ser reconhecido como uma matéria importante que requer ação. No entanto, o grau de conhecimento sobre as suas origens ainda é limitado. Algumas fontes citam um valor indicativo de 80% dos detritos do meio marinho como tendo entrado no mar através dos rios. Será expectável que a quantidade de lixo seja muito variável consoante o tipo de rio e período do ano.

Os resíduos levados pelos rios para o mar têm origem em terra e são transportados para o mar simultaneamente com a água doce, detritos naturais, nutrientes e sedimentos. A componente dos resíduos transportados que causam problemas aos ecossistemas marinhos são aqueles materiais que não são biodegradáveis e ao persistirem têm um impacto negativo na qualidade do ambiente marinho, muitos destes materiais são plásticos, mas também neles se incluem outros produtos mais pesados p. ex. de vidro e de metal, que causam um menor impacto visual na superfície dos rios por permanecerem no fundo sendo arrastados quase invisivelmente.

A necessidade de quantificar o lixo dos rios como importante fonte fornecedora de lixo ao ambiente marinho é reconhecida. Os estudos sobre esta matéria ainda são diminutos e, a informação disponível não é em muitos casos comparável. Tanto quanto foi possível apurar não está em curso nenhum programa de monitorização por período alongado para o lixo flutuante em rios ou no ambiente marinho. Existem, no entanto estudos que mostram que a poluição pelo lixo (especialmente plástico) acumula no ambiente marinho e que a maioria tem origem em fontes terrestres. Este é o caso para as pequenas frações em suspensão ou flutuantes de lixo de plástico com enfoque nas partículas com tamanho superior 5 mm (meso e macro plásticos) e micro partículas de plástico (300 µm a 5 mm).

É possível antecipar que sem medidas de mitigação, qualquer região com grandes rios que desaguam no mar serão fornecedores de elevadas quantidades de lixo ao sistema costeiro, contudo a dimensão de tais inputs permanece ainda sem quantificação sistemática.

Em 2013 a DG Ambiente da Comissão Europeia patrocinou o projeto “Identificação e Avaliação de inputs de lixo (marinho) pelos rios”. Este projeto teve por objetivo investigar o nível de poluição causada por lixo de plástico nos rios da União Europeia e estimar a amplitude dos inputs de lixo de plástico dos rios para quatro mares regionais da Europa, o relatório deste projeto pode ser consultado aqui.

Em novembro de 2015, o Joint Research Center (JRC) lançou um projeto de investigação exploratório, RIMMEL, "Modelação e Monitorização de cargas ambientais de macrolixo em rios" com a duração de 24 meses. Este projeto quantificou macrolixo flutuante transportado pelos rios para o mar e teve por objetivo a criação de uma rede transeuropeia de monitorização por observação de cargas de resíduos/lixo flutuante  em linhas de água. Portugal participou neste projeto com os rios (Ave, Douro, Guadiana, Leça, Lis, Mondego e Tejo) e ribeiras (Ralo, Canide, de Atiães, da Madalena, de Valadares, de Canelas, do Espírito Santo, do Prego, do Juncal, da Aguda e da Granja) das regiões Norte, Centro, Tejo e Oeste e Algarve.

Em 2016, foi publicado pelo JRC o relatório técnico "Riverine Litter Monitoring - Options and recommendations", elaborado pelo Grupo Técnico do Lixo Marinho , que apoia os Estados-Membros (EM) na implementação da Diretiva Quadro da Estratégia Marinha (DQEM).

Este relatório técnico apoiará os EM na implementação de programas de monitorização e no planeamento de medidas para reduzir o lixo marinho. Este relatório faz a compilação de opções para monitorização do lixo de rios e para a quantificação dos fluxos de resíduos com foco no lixo antropogénico. Inclui as referências técnicas e científicas atuais sobre lixo em sistemas hidrográficos, o seu regime de fluxos e propriedades básicas, fornece ainda recomendações para abordagens e metodologias de monitorização.

 

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